“Portugal é um país de primeira linha de investimento”

Manter a aposta na reabilitação urbana é importantíssimo. "Não pensemos que o trabalho está feito. Estamos no começo da reabilitação urbana", alerta Hugo Santos Ferreira, secretário-geral da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII).
02 fev 2018 min de leitura

Em entrevista ao idealista/news, o responsável lembra, no entanto, que é preciso apostar na construção nova. E dá conta de uma tendência nova no mercado, que é o facto de haver mais portugueses a investir no imobiliário nacional: "Houve um efeito de contágio muito positivo".

O ano de 2017 está a ser positivo para o setor imobiliário?

O ano tem sido bastante positivo, estamos a viver momentos únicos. O setor vive um momento em que se consegue encontrar vários motivos de atratividade para os investidores. Conseguimos aliar uma série de fatores. Já tínhamos a história, o clima, a gastronomia, o próprio povo português, que é considerado um dos mais acolhedores do mundo, mas conseguimos aliar a isso a questão da segurança, o que é importantíssimo. Temos estabilidade a nível global e isso tem atraído investidores.

Temos uma série de imóveis com bastante qualidade e com preços ainda bastante competitivos, quando comparados com as principais cidades europeias, como Madrid, Barcelona, Paris, Londres. São cidades com as quais estamos em franca concorrência e ainda podemos ser bastante competitivos. Temos uma expetativa de retorno para os investidores ainda bastante interessante, o que faz de Portugal um país de primeira linha de investimento.

Temos sentido que a nível dos investidores há já uma grande apetência para considerar Portugal um destino de primeira linha e não um destino meramente alternativo. Isso é um ponto de viragem muito importante.

O que se pode esperar do futuro?

O trabalho que temos pela frente é um grande desafio, que é conseguirmos consolidarmo-nos como esse destino de primeira linha. Precisamos de medidas e políticas estáveis, só isso dá confiança aos investidores para continuarem a investir. E temos de dar confiança também aos que já cá estão: dar-lhes oportunidade de quererem continuar e de não se sentirem defraudados. Temos também de continuar a ter programas de captação de investimento estrangeiro, de dinamizar programas como o Golden Visa e de continuar a acarinhar programas como o Residente Não Habitual.

É importante falar do investimento nacional. Esse também é um ponto de viragem importante que vivemos, que é começar a chegar a um mercado em equilíbrio. É esse o caminho. Houve um efeito de contágio muito positivo, não só a nível de grandes promotores, que voltaram a pôr os seus projetos no mercado, mas também a nível de consumidor final.

A tendência vai ser para continuar a crescer o investimento nacional. Vivemos nos últimos anos muito apoiados no investimento estrangeiro, o que é muito positivo – e queremos que continue a crescer –, mas a tendência é que cada vez mais o investimento nacional vá crescer.

A febre da reabilitação vai continuar ou a aposta será a construção nova?

A questão de mantermos a reabilitação é importantíssima, não pensemos que o trabalho está feito. Estamos no começo da reabilitação urbana. Até há três anos tínhamos os centros urbanos em ruína, degradados, desabitados, e eram até perigosos. Isso está a mudar e nestes três anos fizemos um caminho muito importante de dinamização da reabilitação urbana.

Agora não esquecer a construção nova. Isto tem a ver com a dinamização do próprio setor da construção, temos de voltar a puxar por ele. É muito bom vermos construção nova até fora dos centros urbanos.

O que poderá trazer de novo para o setor o crowdfunding imobiliário?

De facto têm aparecido bastantes plataformas ou novas ideias para criar crowdfunding imobiliário, que tem várias virtudes, a principal é ser mais um veículo, mais uma forma de investimento imobiliário. Quantos mais veículos competitivos tivermos mais atrativos somos do ponto de vista do investimento. O crowdfunding imobiliário permite outra coisa muito importante, que é pequenos investidores acederem aos grandes projetos.

Ao mesmo tempo quem tem grandes virtudes também levanta ainda algumas dúvidas. O imobiliário é um setor muito específico, quando se fala em imobiliário é aquisição de imóveis, de ativos imobiliários, o que é diferente de qualquer outra forma de financiamento. Uma plataforma de crowdfunding imobiliário para ter sucesso tem de ter uma gestão profissional.

A segunda [dúvida] tem a ver com a questão das garantias: até que ponto vários investidores estando associados a um ativo conseguem estar protegidos com uma garantia, uma hipoteca, no caso, que é única sobre o mesmo imóvel. Como se resolve essa questão?

Resolvidas estas questões, que de facto levantam algumas dúvidas, quer do ponto de vista do utilizador quer do investidor, pode ser um veículo bastante interessante e para o qual vale a pena olhar.

E os REITs serão uma realidade em Portugal? Quais as suas mais valias?

Temos sido das entidades que mais tem defendido a implementação em Portugal dos Real Estate Investment Trust (REIT). Por uma razão muito simples: é um dos veículos com mais sucesso a nível mundial. É um modelo americano que é um enorme sucesso, já replicado em Espanha, através das SOCIMI, as sociedades imobiliárias cotadas em bolsa. Só em Espanha representam um mercado de 10.000 milhões de euros.

É mais um veículo de investimento. Estamos a entrar num mercado competitivo pela primeira vez em muitos anos e estamos em concorrência direta com muitas das capitais mundiais, mais europeias, por isso temos de ter os veículos concorrentes e competitivos com estas capitais, senão perdemos essa competitividade.

Mas há outras vantagens. Os REITs têm gestão profissional. E permitem que pequenos investidores, através da aquisição de ações em Bolsa, entrem como investidores em grandes projetos.

Há algumas questões que levantam dúvidas, como saber qual é o montante mínimo para a constituição de um REIT. Comparar o mercado português com o espanhol ou americano não sabemos se será correto, mas queremos que os REITs venham, precisamos deles.  
 

 

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